Angola continua a registar altos índices de criminalidade, destacando-se os de homicídio por motivação política e de roubo, com uma violência incomum, face ao uso, na maioria dos casos, de armas de guerra. Estas como se sabe, repousam nos arsenais das Forças Armadas e Polícia Nacional, mas o homem forte das polícias diz ter o controlo da situação. O estranho é que da própria boca não parece ter, quanto mais da segurança dos cidadãos em geral.
Por Geraldo José Letras
Entretanto, de mentira em mentira, até a mentira final, lá veio a terreiro o ministro do Interior, Eugénio Labor(r)inho, numa reunião do gabinete presidencial, recentemente, realizada em Ondjiva, capital da província do Cunene afirmar, com a cara tensa, diante do Presidente da República e demais colegas, que a criminalidade estava controlada. A afirmação causou surpresa, mas como, ao que parece, para alguns ministros do MPLA, mentir é um dever revolucionário, 24 horas depois seria desmentido, pelos seus esquadrões da morte (agentes do Departamento de Buscas e Captura) do SIC, que no Huambo e Luanda, assassinaram, à luz do dia, quatro cidadãos, sendo três na capital, por motivações políticas e passionais.
Os dados da hipotética redução de 3.043 crimes violentos, garantidas a João Lourenço, pelo titular do Ministério do Interior, não passam de uma elucubração do amigo presidencial, que não tem noção do estado degradante dos agentes e das más condições de trabalho que a maioria atravessa, levando, muitos a integrar grupos de marginais e ou das máfias chinesas e fundamentalistas islâmicas a quem prestam serviço, muitas vezes dentro da hora de expediente.
A motivação de Eugénio Laborinho deve estar na obsessão de poder ter um prémio, qualquer que seja: da MENTIRA, HOMICÍDIO OU BAJULAÇÃO, por parte do Presidente da República, para, como este último, prometeu, premiar o desempenho dos seus auxiliares. Obviamente, a apresentação de um conjunto de mortes e caixões, na sua geografia mental, não pode passar, quantitativamente, ao largo de qualquer comissão de avaliação, dado o recorde, no seu consulado, de crimes violentos contra pacatos cidadãos, liderados por agentes da Polícia Nacional.
A prova do crescendo de crimes de motivação política, está no mais recente ataque de membros da JMPLA, que têm impunidade policial e judicial, contra mais uma coluna de membros da JURA, no 04 de Agosto de 2024, que se dirigia ao município do Kuemba, causando fortes ferimentos na cabeça de um, que se encontra hospitalizado.
O ataque resultou de uma emboscada perpetrada pelos membros da JMPLA, que barricaram a estrada com troncos e pedras e, na aproximação da coluna dos jovens da UNITA, começaram a arremessar um conjunto de pedras e outros objectos contundentes.
“A maior parte dos membros da JURA conseguiram escapar ao ataque das pedras e paus, excepto o jovem Isaac Domingos Tchiquengue, que não conseguiu fugir, tendo sido barbaramente espancado” denunciou (como o Folha 8 revelou) o secretário-geral da JURA, Nelito Ekuikui.
Em Luanda, no mesmo dia (04.08), no cair da noite, um grupo de meliantes armados com armas de fogo, irrompeu contra uma cantina, na Urbanização Nova Vida, tendo levado mais de 150 mil kwanzas e alguns produtos.
Em 7 de Agosto, ainda na província de Luanda, na estrada principal do município de Viana, houve um assalto contra duas viaturas por três pares de marginais munidos de armas de fogo transportados por igual números de motorizadas.
Estes factos, contrariam em toda latitude as afirmações do ministro do Interior, que foi forçado a reconhecer, atrasos no tempo de resposta policial as solicitações por socorro, o que “tem levado os cidadãos a prática da justiça por mãos próprias”.
Nos primeiros seis meses de 2024, foram cometidos 60 homicídios, 380 agressões sexuais, 1.664 ofensas à integridade física, 164 roubos e 1.178 acidentes de viação, 76 casos de vandalização de bens públicos dos sectores da Energia e Águas e dos Transportes, resultando na detenção de 109 suspeitos.
Recorde-se que, ainda este ano, 76 pessoas morreram e 106 ficaram feridas, em consequência das chuvas, tendo sido registadas a destruição de 2.500 residências, ao passo que 239 outras ficaram inundadas.